the fairytale gone bad,

"Dans l'amour il y a toujours un qui aime et autre qui si laisse aimer."

Se me visses na rua, reconhecer-me-ias? Não digo hoje, nem tão pouco amanhã. Daqui a uns anos, se me visses na rua, reconhecer-me-ias? E se o fizesses, virias ter comigo? Ou fingirias que não me tinhas sequer visto? Não creio que viesses ter comigo. Aliás, tenho a certeza que não virias. Afinal, que poderias tu dizer-me? Que poderia eu responder-te? Nada. Nada, foi o que restou do que antes eramos nós. De vez em quando ainda me perco nas memórias e recordações. Prometeste-me um futuro, isso não é algo que se esqueça de um dia para o outro. Não. Há alguns dias perguntaram-me quanto tempo me leva para esquecer alguém. Não sei quem ma fez mas é uma pergunta idiota. Esquecer alguém, esquecer pessoas, bah. Parvoíce. Como é que se esquece alguém? Não há nenhum botão que ligue e desligue sentimentos. E de qualquer forma, nunca se esquece. Fica sempre um passado e com ele uma réstia do que se sentiu. Talvez não com a mesma intensidade, mas ainda assim sente-se. Sente-se sempre. Sinto-me só. E só não entendo o porquê de nos entregarmos uma e outra vez a alguém, sabendo de antemão que nos vão magoar. Ou que seremos nós a magoar. O amor é um sentimento tão enganador, tão infrutífero. Quem me dera ser ainda pequenina, quem me dera que o meu maior problema fosse um arranhão no joelho, que passava sempre com um 'vai ficar tudo bem' e um beijinho. Agora nem beijo nem palavras de conforto. Às vezes mais vale aceitar que as coisas não vão melhorar. Às vezes não vale a pena esperar. Então por ti, por ti é um completo desperdício de tempo. Como se alguma coisa fosse mudar, como se alguma vez esta história acabasse com um 'e viveram felizes para sempre'. Acaba, acaba sim mas com um ponto final. Um seco e frio ponto final. E não adianta chorar, não adianta gritar, não adianta a revolta. Inicia-se o período de ressaca no qual se aguarda até que o sentimento diminua a ponto de se poder guardar na gaveta. Gaveta travessa, treme de vez em quando e nunca se sabe quando deixará o seu conteúdo escapar. E então, ainda que se tenha dito, jurado, prometido, clamado aos sete céus nunca mais deixar a paixão e o amor dominar de novo a vida, entrega-se o coração a um novo desconhecido. Que não fará mais nada, senão parti-lo.



(Love is a fantasie.)