Em tempos tentei prender pessoas a mim. Não sabia que a confiança pode demorar uma vida a ser criada, apesar de poder desaparecer em escassos segundos. Tentava dar-me totalmente, entregar-me totalmente. Só agora vejo que nunca me entreguei, nem a ti nem a ninguém. Aprendi que beijos não são contratos, presentes não são promessas. Acabei por entender que não sei nada desse sentimento, essa coisinha bonita a que gostam de chamar amor. Mas tu também não sabes, por muito que digas, por muito que grites aos sete céus que sim. Continua a gritar, força, diz a toda a gente que a amas, diz que ela é a mulher da tua vida. Tanto me faz, entendes? Já não quero saber, acabou. Porquê? Porque sei que ela não é nada para ti, porque sei que, por muito que digas que não, eu estive muito mais perto de amar do que tu alguma vez estiveste e porque é mesmo assim, tanto faz mesmo. Ninguém se preocupa com o que fazemos ou deixamos de fazer, com o que sentimos ou deixamos de sentir. Somos apenas marionetas do Destino, de Deus, daquilo em que quiseres acreditar. Hoje existimos, amanhã já ninguém se vai lembrar de nós. A verdade é esta, nem eu nem tu somos um num milhão. Somos apenas mais um num milhão. Até chegar ao fim.