Eras como uma droga, uma toxina que me consumia a pouco e pouco. E eu sabia-o, sentia-o. Doía. Mas eu fazia de conta que estava tudo bem. Durante quatro curtos anos foste a razão para os meus sorrisos e também para as minhas lágrimas. Foste o herói dos meus sonhos e o vilão dos meus pesadelos. Foste. Já não és. O oxímoro perfeito, um completo paradoxo. Dizes que não és capaz de me perdoar por algo que nem sei o que é. Se não mo dizes é porque eu também não o deveria querer saber. Merecia mais de ti. Preocupo-me demais contigo. Tudo sempre foi demasiado. Mas demasiado sempre me pareceu certo. Dás-me cabo do juízo, da sanidade, entendes? Estragas tudo e ainda me consegues convencer de que fui eu que errei. O meu mal é gostar tanto de ti, diabo. Dizes que me queres fora da tua vida e eu ainda te pergunto se tens como saber onde foste colocado, porque senão eu posso fazer-te o jeitinho. Chega, chega, chega. E que raio vou fazer com uma pasta que tem cento e sessenta e uma músicas que me pediste ao longo do verão? E a um pacote d'a vida é bela que ias gastar comigo? E a todas as fotos em que me abraças? E às memórias, às recordações? Diz-me o que devo fazer com as promessas que nunca irás cumprir. Foste tu quem deu o primeiro passo para longe de nós. Só não conseguiste suportar que não corresse atrás de ti. Parece que o para sempre que me juraste não durou assim tanto.
Acabou-se Inês, eu não te quero falar mais.
(Inês pateta. E o pior vão ser as saudades.)