Não gosto de conversas com hora marcada. Criam-se sempre expectativas e, para ser franca, também não gosto muito dessas. Um dia de cada vez, posso preferir as coisas assim, não posso? Nunca te pedi nada, foste tu que fizeste as perguntas todas. As promessas vieram todas desse lado, eu limitei-me a corresponder. O que é muito, juro-te que para mim é muito. Sou uma ilha pequenina. Porque é que as pessoas se apaixonam? Constou-me que conheço o amor por dentro. Também não sei se gosto disso. Ultimamente não gosto de muita coisa. Há dias gostei da ponte Pedro e Inês e do Mondego. Isso assustou-me, até porque não houve muita coisa que me puxasse. Às vezes farto-me, sabes? De mim, de ti, de tudo. E apetece-me fechar-me num casulo e acordar outra, noutro dia. Mas que posso eu fazer? Sou uma Inês pequenina que conhece o amor por dentro. Seja isso bom ou mau. Tenho saudades de poder falar contigo... De chamar por ti e tu vires logo a correr para me dar um abraço, dizer-me que sou bonita e levar-me até casa. Nunca mais me levaste para casa. E descubro-me enroladinha sobre mim, escondida para ver se ninguém me pergunta o que se passa - porque não se passa nada, está tudo bem - e a repetir baixinho 'não é isto que te define, não é isto que te estraga'. E quase faz sentido. Principalmente quando um dos alguéns a quem queria fugir me encontra, se senta ao meu lado e diz 'Eu vou ficar aqui em silêncio, quando estiveres preparada vamos ter com os outros'. E eu limpei as lágrimas teimosas e fui. Fui ter comigo e ser feliz um bocadinho.