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Todos temos dias bons e dias maus.

Há dias em que me sinto uma super-mulher. Dias em que sei que posso fazer tudo, que sou grande, que consigo, que valho a pena. Pode falhar tudo que eu aguento, que eu sobrevivo, que eu sou. Não preciso de mais ninguém, não quero mais ninguém. Sou feliz na minha solidão, comigo, sozinha. Dias em que não acredito no amor - em que não o acho necessário - e que sei que não preciso dele. São dias meus. São eu.

Hoje não é um desses dias.

Há outros dias em que não sei de mim, em que me enrolo em mantas e comédias românticas à procura de qualquer coisa que não tenho. Apercebi-me que ainda agora fez um ano que dei por mim perdida nuns quaisquer degraus, a atirar coisas à parede e a chorar. A chorar tanto. Gritei que não era justo, que não estava certo, que o amor era uma merda. E perguntei-me... Porque é que nunca valho a pena? Há coisas que cansam, diziam-me há dias. Cansa estar sempre à espera da tal história que vai fazer sentido. 

Mas eu não quero ser assim.

A verdade é que é difícil. Há dias muito complicados. Há coisas que magoam e que vão continuar a doer. Daqui a umas horas, daqui a uns dias, daqui a uns anos. Mesmo que passem, vai sempre haver alguém que vai abrir novas feridas. Alguém em quem confiavas e com quem achavas que fazia sentido. Acho que é assim que é suposto funcionar. E é difícil. É claro que é. Mas também vale a pena. Eu valho a pena. Vou valer sempre. E de vez em quando vai haver alguém que também se vai aperceber disso. E noutras alturas vou apenas ser eu sozinha. Risca o apenas. Vou ser eu sozinha. E aqui estamos. E daqui partimos.

Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver pra vir
Se eu encontrar uma ilha
Paro pra sentir
E dar sentido à viagem
Pra sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz