é natal,

- Fecha os olhos sim, amor?
- Está bem.
- Já estão fechados?
- Já.
- Não estão nada, safada.
- Pronto pronto, agora já estão. Mas para que raio é isto?
- Shiuu, cala-te e nem penses em espreitar se não não dá. Vá, agora imagina-nos num sofá, sentados, tu com a cabeça deitada no meu ombro, as mãos num nó bem firme, que ninguém, ninguém poderá nunca desfazer. À nossa frente uma lareira, e nós ali sentados a ouvir o fogo queimar lentamente cada tronco de madeira, a sua história reduzida a cinzas e nós ali, a admirá-la a ela e à dança hipnotizante das chamas. Como som de fundo temos apenas uma música suave e as palavras ingénuas e o sorriso das crianças. Sim, porque o sorriso também se ouve e se nunca o ouviste então um dia eu ensino-te a escutá-lo. Mas não te preocupes, temos todo o tempo do Mundo. Num canto da sala está uma enorme árvore de natal previamente decorada por ti, que sempre gostaste dessas coisas. Será natal, portanto. É natal e eu peço a todos os velhos gordinhos de barbas, a todas as estrelas, a todos os reis do oriente, a todas as fadas e a todos os génios das lâmpadas encantadas que se retirem.

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