Coimbra,

Home, at last. A cidade abraça-me sem querer saber o meu nome. Sou uma estranha nestas ruas e ainda assim sinto-me aconchegada. É tão fácil ser eu. Não preciso de disfarces, não tenho de esconder quem sou. Posso esquecer o passado. Posso esquecer qualquer erro que tenha cometido. Posso esquecer em quantos pedaços me partiram o coração. Posso esquecer quem fui. Essa rapariga ficou para trás. Numa outra cidade, em outras ruas, que já nada tinha para me dar. Que já não me queria. Tenho medo que também não me queiram aqui. As primeiras impressões desvanecem-se como fumo à medida que a personalidade vem ao de cima. E eu não sou uma pessoa fácil. De todo. As minhas múltiplas personalidades são uma chatice. E o facto de ser um copo prestes a transbordar, uma bomba prestes a explodir a qualquer momento, também não ajuda. Tic tac, tic tac. Anyway, what was I saying? Oh, that's right. Home, at last.
(De qualquer forma tenho saudades vossas. Terei sempre.)