ficam as saudades,

Não quero ir dormir... Oh, por favor, deixem-me ficar acordada mais um pouco. Não quero ficar sozinha com a minha cama vazia, com o escuro, com os sonhos que aí vem, com esta dor estúpida. Também me sinto um bocadinho estúpida, sabes? Só um bocadinho... Por ter acreditado que gostavas mesmo de mim. Por pensar que tinha encontrado o 'tal' final feliz. Um bocadinho estúpida, diga-se de passagem. Hoje, naqueles degraus frios, não te reconheci. Não sabia, não sei, quem era aquela sombra ao meu lado, explicando-me - da mesma forma que se explica a uma criança que quem anda à chuva se molha (aliás, fica encharcado!) - que há coisas que não estão destinadas a ser. E eu iludida, e eu a pensar que sim, que podiam ser. Pateta, Inês pateta. Como se não fosse óbvio que quem anda à chuva se molha (aliás, fica encharcado!). Como se não fosse óbvio que quando entregamos o coração a alguém podem dar cabo dele. E deram. Bolas. Engraçado, engraçado que é quando decido guardar os pontos finais que o outro lado decide dar-lhes uso. Isn't it ironic? De qualquer forma nunca fez sentido teres sequer olhado para mim. Se bem que 'nem eu sou bom de mais para ti nem tu és boa de mais para mim, somos perfeitos um para o outro'. Balelas. Enfim, agora é embrulhar tudo e guardar na gaveta, bem escondidinho, lá mesmo no fundo, e fingir que nada se passou. E vamos ser fortes, e vamos ser meninas grandes ('cause big girls don't cry), e não vamos ver filmes lamechas, e não vamos ouvir música, e não vamos pensar muito e tudo voltará a ser o que era. O tempo tanto pode ser o nosso pior como o nosso melhor amigo. Desta vez vou-me aliar a ele. E esperar. Afinal de contas, já sou uma rapariga crescida... Até já sei atar as sapatilhas sozinha. Não vejo razão para não conseguir pegar nesta coisinha pequenina (à qual já mal se pode chamar coração) e pô-la no bolso do casaco, de forma a não sentir o tum-tum suave. Cala-te, direi algumas vezes, quando bater com mais força. E pronto, já está.


(descansa, não te guardo qualquer rancor, a parva aqui sempre fui eu)

6 comentários:

  1. Agora é seguir em frente, Inês. Guardar novos conhecimentos no coração, crescer um pouco mais e amar os pequenos pormenores da vida.
    És tão tu em tudo o que escreves.

    ResponderEliminar
  2. Leio o que escreves no letras no caminho, e adoro .. estou a seguir ..

    ResponderEliminar
  3. :'(
    "i'm a big big girl
    in a big big world
    it's not a big big thing
    if you leave me"

    ResponderEliminar
  4. A tua prosa demonstra uma coragem dificil de assumir, ou então, estás apenas a tentar-te convencer de algo, dizendo-lo para ti mesma.

    Se um dia tivesse que guardar o meu coração no bolso e os meus pontos finais nas mãos de alguém, demoraria a deixar de ouvir música que me fizesse chorar, no entanto, também já sei atar as sapatilhas :/

    Boa sorte Inês :) *

    ResponderEliminar
  5. O David disse tudo.

    Ora, o cúpido ri-se daquelas pessoas.

    ResponderEliminar